Professores pela Europa



 By Diana Vieira

De 16 a 23 de janeiro estive em formação Erasmus para Professores, em Dublin, no curso “Student Centered Classroom -Teachers as promoters of active learning”. A escolha pela realização desta formação em contexto Erasmus teve que ver com a minha ânsia de crescer em conhecimento e continuar, sempre, a aprender e evoluir para melhor cumprir a minha função: ensinar melhor os alunos. Juntar a isso a partilha de experiências com professores de outros locais na Europa, pareceu-me uma excelente forma de ver o Ensino de outras perspetivas, bem como de grande enriquecimento social e cultural; e assim foi! A escolha do curso nasce de uma constatação em contexto de sala de aula que o modelo tradicional, em que o aluno é um ouvinte e o professor a fonte de conhecimento, não me realiza pedagogicamente e não cumpre as necessidades do Mundo e da sociedade atual. Neste sentido, já estava a desenvolver aulas, com metodologias centradas no aluno, com uma turma e esta formação serviria para consolidar algumas das lacunas e dificuldades que tenho encontrada. O curso começou com a entrega de um bloco e um saco com a frase “Teachers are the real influencers”. Não poderia começar melhor, porque a necessidade de me desenvolver como profissional da Educação advém, também, da consciência da minha responsabilidade na sociedade: os professores têm um papel crucial na construção dos cidadãos do futuro e, por isso, são agentes de grande influência no rumo do Mundo. 

 

A semana foi extremamente rica em aprendizagens e partilhas, mas irei destacar aquelas que mais tiveram impacto em mim. Todos os dias, no início do dia o nosso incrível formador, Michael Farell, escrevia os tópicos a serem trabalhados no quadro (uma excelente estratégia para que os alunos possam começar as aulas com o “fim em mente”) e fazia um jogo ou dinâmica que permitia fomentar a confiança e o espírito de grupo com os colegas professores.

 

Começamos por refletir sobre as vantagens e os desafios das metodologias de aprendizagem centradas no aluno. Escrevemos as dificuldades para que ficassem visíveis na sala de aula e fomos trabalhando sobre elas ao longo da semana. Constatámos que estas metodologias potenciam a motivação dos alunos e trabalhamos muito sobre este tema. Como ideias principais ressalto: a motivação é diferente em quase todos os alunos e pode ser fomentada ou partir da curiosidade, da pressão (exercida pelos colegas, pais e professores), da diversificação de estratégias, da diversão, do sentimento de pertença e do reconhecimento ou recompensas. Aprendemos a aplicar a estratégia Jigsaw como forma de potenciar a motivação: cada aluno especializa-se num tema que depois partilha com um grupo de trabalho, com o objetivo de chegarem a um produto/apresentação final. Ainda neste tópico, fizemos um exercício prático onde o objetivo seria formar grupos de trabalho equilibrados, com base na aplicação das estratégias de motivação que melhor se adequassem às caraterísticas dos alunos do grupo.

 

Um dos grandes desafios destas estratégias são a gestão de tempo. O professor tem de cumprir um programa curricular, preparar os alunos para provas externas, ouvir as ânsias e resolver conflitos dos alunos, avalia-los, etc. As metodologias centradas no aluno são mais exigentes ao nível da gestão de tempo porque pressupõe que cada aluno trabalhe ao seu ritmo, mas os objetivos de aprendizagem têm de ser, obrigatoriamente, atingidos. Neste âmbito, aprendi algumas estratégias facilitadoras: uso de símbolos para coisas básicas (por exemplo, levantar três dedos significa “posso ir à casa de banho”) que ajudam a que o professor e os alunos não interrompam a aula e ou raciocínio; definição de tarefas com limites de tempo claros, mas flexíveis (por exemplo, data 1 para entregar a primeira versão do trabalho e data 2 para entregar uma versão melhorada para os alunos que assim o quiserem); princípio dos 20%/80% de gestão de tempo e de tarefas e a aplicação Blinkist, que faz resumos de livros e permite-nos obter mais informação em menos tempo. 

 

O tema seguinte que nos debruçamos foi o feedback. Quando os alunos estão em modelo de autogestão, tanto os próprios alunos como os professores necessitam de ter feedback rápido e claro sobre se as aprendizagens estão a ser atingidas ou não. Detalhamos alguns dos princípios do feedback: rápido, específico, com base em critérios, honesto e positivo, entre outros. Neste tema saliento duas aprendizagens: a da necessidade de incutirmos nos alunos que a avaliação é o resultado de um trabalho em andamento e que, muitas vezes, o progresso é mais importante do que o resultado final (embora bem saiba que as notas têm um papel importantíssimo no ensino secundário para acesso à faculdade mas, será isso justo?) e as aplicações que podem ser usadas para facilitar a comunicação e a avaliação das aprendizagens: Plickers, Socrative, Trello e ClassDojo. 

 

Por fim, discutimos a gamificação do Ensino: uma forma de o tornar desafiador e com reconhecimento e recompensas claras, sendo assim um contributo para a motivação dos alunos. Ressalvo um jogo/estratégia muito simples: utilizar um dado e cada vez que um aluno dá uma resposta ou realiza uma tarefa de forma correta, o dado vai girando, quando o dado atinge o número 6 o aluno obtém um ponto, no final da aula, a cada somatório de pontos corresponde uma recompensa. Pode ainda ser usado ao contrário: os alunos só podem ter algum comportamento um certo número de vezes, quando o dado atinge esse número há uma consequência. 

 

No último dia, tivemos de preparar uma aula com metodologias centradas no aluno e apresentar aos colegas. Algumas das ideias dos colegas foram: menu de restaurante com factos históricos; apresentação em stand up comedy para explicar os artigos definidos; caixa de conceitos sobre um tema (por exemplo, caixa da fotossíntese) e jogo de batalha naval para aprendizagem dos verbos. 

 

E assim foi esta semana intensa de trabalho, partilha e enriquecimento cultural. Aproveitámos também a semana para conhecer Dublin, que foi uma agradável surpresa pela riqueza histórica e cultural. Destaco, ainda, o excelente espírito hospitaleiro do seu povo e o peculiar e incrível sentido de humor, bem como a sua história francamente marcada pela independência dos Ingleses. Objetivo 100% cumprido: evoluí como professora, conheci um novo país e !

 

Obrigada ao Centro de Educação Integral pela oportunidade e por serem um verdadeiro exemplo de inovação no Ensino e à minha colega Rita que muito contribuiu para que a semana fosse espetacular! Venha a próxima 

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