Tudo depois do SIM
By Cátia Almeida
Os dias passam a voar...
Afinal, esta frase célebre (os dias passam a voar) que durante tantos anos ouvi da boca dos mais velhos contrariando a minha própria perceção (pois a mim parecia que os dias nunca mais acabavam, quando era mais jovem), tem muito sentido em dadas circunstâncias. E as circunstâncias, vejo agora, são aquelas em que nos empenhamos com determinação, com muito gosto, com amor e espírito de missão, de tal modo que coisas que nos parecem dolorosas à partida (como estar longe da família e amigos, num país distante) acabam por ser ultrapassadas sem darmos conta.
Isto também me serviu de lição, que antes de nos focarmos na dor devemos focar-nos na terapia, em vez de pensarmos na derrota devemos acreditar na vitória e na superação.
A verdade é que daqui a 1 semana já estamos em Portugal, nem
acredito…
Estas sete semanas passaram num abrir e fechar de olhos, com
muitas emoções pelo meio e cada dia que passava a ansiedade aumentava na mesma proporção porque quero
poder abraçar a minha mãe, os amigos e sobretudo poder voltar ao conforto do meu lar.
No meu estágio, as funcionárias já estão a dizer que vão
sentir a minha falta e isso deixa-me com aquela dúvida que nem sei se quero
voltar para Portugal. As crianças estão sempre a fazer desenhos para mim e dizem que
me adoram, poder brincar com elas é uma gratidão imensa e o meu coração transborda de alegria quando os meninos vêm ter comigo com uma bola nas mãos e dizem "Teacher Cátia, can you play with me?" ou a minha querida Ruby que todos os dias me faz uma "massagem" nas costas. Sei que vou sentir muito a falta dos meus meninos e das funcionárias do Club. Mas também sei que no meu país vou ter muitos meninos ao meu cuidados pois isto sim, é a minha grande paixão.
Na semana passada, comemorou-se o St. Patrick, o dia mais importante
para os Irlandeses, e nós aproveitámos a oportunidade de poder estar
presentes e fomos até à avenida ver o magnifico desfile. O desfile era composto por
escolas, grupos que mostravam o seu talento e houve um grupo que homenageou a Ucrânia. Confesso que esse momento me tocou bastante, foi arrepiante. Espero do fundo do coração que os Ucranianos
consigam ultrapassar as dificuldades tremendas por que estão a passar e esmaguem o inimigo que os afrontem e recuperem a sua vida normal.
Estes dias têm estado de sol, o que é raro aqui na Irlanda, e por
isso nós aproveitámos para dar os últimos passeios em grupo.
Tem coisas espetaculares, como por exemplo o sítio mais alto
de Cork apartir do qual conseguimos ver a cidade toda, a vista é incrível. O ar que lá
respiramos faz-me lembrar o ar da minha aldeia com os passarinhos a cantar e
não se ouve nenhum ruído das máquinas.
O rio Lee é um rio na Irlanda que nasce nas montanhas Shehy
e que desagua junto à cidade de Cork e que proporciona várias paisagens
incríveis.
São muitas as recordações que
vão ficar para o resto da vida.
Para terminar, quero agradecer ao grupo que esteve comigo ao longo desta aventura. Fomos sempre solidários uns para com os outros pois sabíamos que às vezes não ia ser fácil ultrapassar as dificuldades. Um agradecimento particular à Bia que esteve presente no meu dia a dia e foi o meu "tradutor" a maioria das vezes e só tenho-lhe a agradecer por essa generosidade e espirito de partilha.
Espero um dia poder repetir uma aventura semelhante a esta que me foi tão útil e será na minha vida futura...

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