Montessori e Reggio Emilia: Um passo para uma comunidade de aprendizagem mais forte

 by Professora Rita Cardoso



Florença tem um sabor a vida, cultura, arte e constante aprendizagem. De 10 a 17 de abril surgiu a excelente oportunidade de viajar para um local do qual nada conhecia, de um país onde tão pouco tinha estado. Conhecido pela comida, pelo vinho, pelas paisagens de cortar a respiração, e pela sua importância histórica. Mas Florença é mais, e para isso já lá vamos…


Decidi candidatar-me ao curso “The Child First: Montessori, Reggio Emilia System and Contemporary Approaches to Pre-School Education”. Como professora de dança, e facilitadora de alguns projetos interdisciplinares acredito que a educação abrange tudo e todos, que deve passar pela multidisciplinaridade, e pela constante aprendizagem dos alunos e, sobretudo, dos professores. Por isso, tenho uma constante necessidade de aprender mais, para mim, por mim e para depois dar mais e melhor aos alunos. Apesar do que se possa pensar, a dança/movimento traz mais valias importantes para o bem estar de cada um de nós, e a beleza de tudo isso é que é uma arte que se adapta, transforma e reinventa a cada dia que passa. E é aí que entra este curso, e como as aprendizagens podem gerar ideias tão simples e criativas para novos elementos em sala de aula.


Maria Montessori, uma mulher firme que acreditou nos estudos e no poder da observação e criou um método de aprendizagem fascinante, onde aborda questões como a individualidade de aprendizagem, a responsabilização, a repetição de atividades e a autocorreção do próprio exercício nas idades dos 0 aos 6. Nestas idades, a investigadora acreditava que a mente das crianças funcionaria como uma esponja, onde as sinapses feitas pelo cérebro eram ricas e desenvolvidas. Desta forma, o objetivo seria que as aprendizagens seriam feitas com materiais reais (ex: Os animais de brincar, teriam de ser feitos o mais aproximado possível da realidade, ou relativamente a histórias, não haveria necessidade de histórias infantis, mas sim de histórias adaptadas aos temas reais, valorizando isso ao imaginário) - ABSORVENT MIND.


Reggio Emilia, uma localidade, que por necessidade, formou a sua própria comunidade de aprendizagem, baseada nos interesses, gostos e escolhas de cada criança, com uma constante observação e alienação aos pais, professores e alunos. Comunidade e multidisciplinaridade, duas palavras chave a reter e a refletir. Não existem grandes dados relativamente a esta metodologia de ensino, devido ao registo do nome e dos métodos. Contudo, o que se sabe vai de encontro a influências de dois artistas, Bruno Munari (artista e arquiteto) e Geani Rodari (escritor) - para eles o trabalho não é focado no objetivo mas sim na viagem da aprendizagem. Aqui a criança é a protagonista de ação, na tomada de decisões, enquanto que os professores, pais e auxiliares complementam e cooperam na construção do currículo com base na necessidade dos alunos. Há um grande foco na “Escuta ativa”, no sentido de criar conecções, e na documentação constante para acompanhamento dos professores e evolução do trabalho. Mas para perceber o trabalho de Reggio Emilia é importante ler o poema de Loris Malaguzzi “One hundred children”:
(Excerto)

The child is made of one hundred.
The child has
a hundred languages
a hundred hands
a hundred thoughts
a hundred ways of thinking
of playing, of speaking.


Esta experiência trouxe também consigo a possibilidade de conhecer docentes de outras partes do mundo como Turquia e Hungria, e até mesmo de outras partes do nosso país. É incrível, a meu ver, como uns poucos km 's fazem a diferença nos métodos de aprendizagem e de ensino, e o mais bonito disso tudo é que não há certo ou errado, cada um vai funcionando da melhor forma possível, com falhas e valências.
Por fim, mas não menos importante, Florença veio arrebatar as expectativas, que já eram por si só elevadas. Para mim, uma artista de alma, apaixonada por história e cultura, Florença, e arrisco-me a dizer que Pisa, Siena, San Gimignano, foram uma bolsa de ar renovado ao fim de dois/três anos de pandemia.


Foi poder-me apaixonar uma e outra vez por todos os cantos das cidades, ficar arrebatada com tamanha grandiosidade e beleza, foi sentir que poderia passar semanas e semanas e acredito que todos os dias iria encontrar algo novo para fazer, ou algo diferente a descobrir.


ERASMUS trouxe consigo o que a própria palavra indica, trouxe a coragem de dar um passo em frente, a coragem de poder experienciar novas vivências e de poder ver possibilidades. Possibilidade de futuro, de arriscar mais, de conhecer mais e de ser mais e melhor.


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