Partilha de boas práticas em Furstenfeld, Austria

by Simone Correia, Cecilia Oliveira, Isabel Dinis e Jacinta Valente



Ao participar no programa Erasmus, nós professoras, tivemos a oportunidade de ver o mundo de uma perspetiva diferente! Conviver durante cinco dias com pessoas de diferentes nacionalidades, hábitos e costumes fez-nos quebrar alguns paradigmas, o que iremos exemplificar no decorrer deste artigo. 
No primeiro dia, ao chegarmos à escola, fomos recebidas pelo diretor e por alguns elementos da equipa educativa. Sentimos que fomos bem acolhidas, que fazíamos parte daquele ambiente tão familiar para nós - uma escola – e estávamos com muita expectativa e entusiasmo perante a semana que nos esperava. 
Começámos por conhecer a escola e os nossos guias/ líderes eram alunos do 11º ano, que demonstravam ansiedade com a nossa chegada. Em cada novo espaço apresentado, passámos a conhecer e entender melhor o dia a dia dos alunos da escola, deixando-nos contentes e cada vez mais integradas. 

Às vezes, temos a ideia de que uma escola é sempre uma escola em qualquer lugar. Por um lado, é verdade, mas…vamos partilhar algumas coisas que para nós são novas e até um pouco estranhas, pois não faz parte da nossa realidade educativa em Portugal. Para ajudarmos o leitor a compreender-nos melhor, passamos a exemplificar. 



O primeiro impacto foi verificarmos que todos os alunos trocam os sapatos por chinelos quando chegavam à escola. Foi-nos explicado que esta prática é usada em virtude das características do clima, por questões de conforto dos alunos e higiene do espaço escolar. Outro aspeto que nos chamou a atenção foi a maior autonomia dos alunos. Observamos, por exemplo, alguns alunos a usarem um berbequim na vertical, com facilidade, tendo sempre presente as normas de segurança, que cumpriam com naturalidade. 

Assistimos a uma aula de biologia e também, de igual forma, ficámos maravilhadas com a experiência que estava a decorrer no laboratório. O objetivo em mente seria os alunos assistirem a duas aulas teóricas sobre a anatomia dos roedores (ratos) e, posteriormente, recolheram os restos alimentares das corujas, presentes no jardim da escola, pois, estas alimentam-se engolindo as suas presas inteiras regurgitando depois os ossos e parte da pele. Na segunda parte, são realizadas técnicas para extrair os ossos que estavam a ser classificados e ordenados de acordo com a sua anatomia. No fim, os alunos teriam que elaborar um relatório. Este trabalho era feito em pares e, outra novidade para nós, é que todos os alunos tinham o seu tablet. 

Se por um lado, os alunos demonstravam autonomia e interesse pelos conteúdos lecionados, por outro lado, tinham necessidade do toque da campainha para lembrar as entradas e saídas, algo que já não estamos acostumados na nossa escola. 
Queremos também partilhar algo que nos surpreendeu: tanto na Áustria como na Alemanha é proibido o contacto físico entre alunos e professores! Nem sequer podemos tocar nos ombros de forma empática e respeitosa. Isto para nós, portugueses, é uma prática difícil de compreender e adotar. 




Durante esta semana, observámos diferentes aulas e, em todas elas, os alunos usavam o tablet como ferramenta de trabalho, sem perder o foco e o interesse pela aula. Foi algo que trouxemos como ideia para reforçar no nosso colégio. Em termos gerais, as aulas funcionam de forma semelhante às nossas, não havendo diferenças relevantes na relação entre professor / aluno, ensino/ aprendizagem. Os alunos estão organizados por turmas, e os dias divididos por disciplinas. 

Ficamos admiradas com o horário escolar: as aulas começam às 7h30, e os alunos têm 7 tempos de de 55 minutos, de manhã, terminando a maioria das aulas por volta das 13h30, com intervalos apenas 5 minutos. O que significa que durante os meses de inverno, os alunos começam as aulas ainda de noite e a hora de ponta é por volta das 7h da manhã!! Em compensação, às 15h30 já não se vê ninguém na rua, e as 18h30 está tudo a jantar!

No âmbito da partilha de boas práticas, a nossa equipa deu uma aula de OLEM aos alunos do 10º ano, e acompanhamos também uma aula da equipa de professores alemã.





Para além de conhecermos diferentes realidades escolares, também tivemos oportunidade de conhecer Furstenfeld, cidade onde fica a escola que nos acolheu, na província de Estíria. Ficámos a saber que aquela cidade teve grande importância ao longo dos séculos, pois sofreu graves ataques e frequentes invasões. Parece que foi incendiada 14 vezes na sua longa história, visto ser um importante local entre a Austria e a Hungria.
Também tivemos oportunidade de visitar algumas fábricas típicas da região: visitámos uma fábrica de chocolate (Zotte Schokoladen Manufaktur) e uma fábrica de bebidas destiladas (Golles Manufaktur). 

A nossa semana ainda não acabou, mas, estamos perto do fim. No penúltimo dia, participámos num workshop sobre sustentabilidade e competências digitais dos educadores – “Sustainability, Digital and Green Education” - enriquecido com técnicas e ferramentas de extrema utilidade nos dias atuais. Foram apresentadas atividades práticas, assim como várias plataformas muito úteis para a nossa prática diária, sempre com o objetivo em mente de tornar o nosso planeta cada vez mais sustentável. Uma longa missão todos temos pela frente e, se a humanidade não tomar medidas urgentes, consequências fatais tornarão o nosso planeta irreconhecível. 

Por fim, visitámos Graz, capital da província de Estíria, segunda maior cidade da Áustria depois de Viena. Aqui pudemos apreciar alguns pratos típicos, bem como passear pelas ruas da cidade e experienciar vivências inesquecíveis. 



Em resumo, foi uma semana em que expandimos os nossos horizontes, mudamos paradigmas e ficamos mais ricas profissional e pessoalmente.

Obrigado Erasmus pela oportunidade!

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